domingo, 31 de maio de 2009

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Onde está a liberdade que me vazou os olhos e viu o meu interior?
Onde, oh divina natureza, ficou o meu eu a procurar
o ralo por onde desceu minha alegria?
Foi naquele dia
em que o mar revolto rompeu aquelas rochas
e o vento sedimentou estas raízes.
Quero a inocência outra vez, pensar em borboletas a mancharem-se de sol e de lua,
quero cortar a rua sem medo.
O meu ser vazou por esta quase chuva de outono, ela foi voando.
Oh folhas mortas úmidas pela chuvizna quase vinda, enterrem minha dor!
Deite sua mão sobre minha angústia,
eu quero ver a emersão do mundo na paz do silêncio infinito, deusa corcunda.
Dê-me a sombra para um dia de calor,
sua fonte escondida para a sede mortal,
seu fruto sagrado quando a fome avassalar minha ferida.
Vem noite, a liberdade nunca vem!
Mãos fracas anciãs reparam um jardim
e a liberdade nunca veio.
Não veio como veio o vento a soprar-me segredos de chuva leve
e noite morna.
Quero a aurora de todas as flores na minha mão,
mas a liberdade não veio.





Embargo



UnB, 31 de maio de 2009.
14: 07

domingo, 24 de maio de 2009

Rimas Pobres...

As nuvens cobrem todo o céu
e eu as inalaria em apenas um suspiro.
Você é a água, as estrelas, é mais!
Ah, amiga adormecida na minha dor,
na minha saudade da esperança e do mais,
vivamos os segundos um a um
como calangos sagrados da seca
cobras gigantes famintas de homens no ventre.
Sejamos entre o segundo e a noite na superfície do mundo!
Cheguemos ao fundo!
Encontremos lá a beleza da tua flor
na terra inútil do meu peito.
Vem para minha noite que dela a Lua
é tão bela quanto a sua flor
que rima com a minha dor!
E mais que a Lua,
lá haverá a explosão tímida do seu olhar,
pedra preciosa sem receio além-Atlântico
além-mar!
Vamos amar a sua flor, a minha dor,
a minha Lua, o nosso mar...
Brindemos com a chuva que não vem
o meu suspiro o teu perfume!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

...

As horas vão-se como abelhas para a flor
o rio mexe os seus galhos escondidos
assusta a noite o poeta versa-dor
são mistérios divinos a rosa cor

pudesse o vento espantar minha saudade
pudesse a noite adormecer os meu destino
veria o mistério divino
viria o mistério divino

corre nuvem nesse céu aturdido
corre para o mistério bandido
atravessa o arco invertido
alcança o mistério mentido...