Lá, onde tudo se vê, afora eu,
Está o poeta na poeira do livro roto
O jornal que suas mãos macias
E flácidas manusearam
Noticia um assassinato
Lá, o poeta se vê e se esconde
Para não se assustar
O espelho em que se viu,
Embaçado como meus olhos
Que espreitam sua memória,
Reflete o meu anseio
De haver estado com ele
A beber chá de alecrim
Ele gosta?
Sua cama, sua lixeira
Sob a mesa de madeira maciça
Guardam segredos lúcidos que o poeta
Não ousou dizer
Um dia, quando eu morrer,
Quero que me veja sorrir de
Sua senilidade sem tamanho,
De seus olhos pertinazes,
De sua eternidade
Quando morrer, serei
Simples como um poeta morto
No seu quarto vazio de tudo,
Exceto de si mesmo
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
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Um comentário:
Perfeita!!! principalmente as 2 últimas estrofes.....
interessante q quando li o nome pensei que seria um poema simples estilo Mário, mas não um poema complexo e confuso estilo Augusto.... E no fim vc será ele se um dia morrer!!!! Mas, Augusto poeta não morrerá nunca , amigo...
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