sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eu Vi o Sol Nascer e Morrer Porque Amei

O Sol traz todos os dias um rio Heráclito em fogo,
Dissipa chuva, tempestade e mata o mendigo,
Mata o amigo de outrora, queima os versos escondidos.

Ele gira e não para até que sejamos estáticos na íris cega,
No galho seco, no tronco torto.

Tudo para a vê-lo no âmago do átomo,
Na boca do vulcão, na torre sacrílega medieval,
No tom do horizonte às seis, à hora de morrer!

No asfalto corre uma massa, outro rio
De efêmero orvalho na folha preta do XXI,
Nos fios de ondas do vento amargo, jamais indiferente.

Eu quero um cigarro para vê-lo passar e passar,
Quero o seu calor na minha pele
À Hora Absurda da saudade!

Deita sobre mim aquela serenidade do seu alvorecer
Na flor primaveril, na chuva do verão!

Leva-me ao teu lado escuro, como à noite ver o sol,
Como ver-te morrer e superá-lo
Vagando na tinta fresca de um livro esquecido!

Oh, Apolo da minha saudade clássica dos banquetes,
Oferta-me teu carrossel à hora de dormir e sonhar
Porque Selene enconde-se na tua luz, em minha sombra
Por vaidade ou resignação!

Leva-me ao horizonte vertical que veem teus olhos,
Guarda-me no teu seio
Para que eu descanse na sua dissimulação
De noite e o veja renascer estupefato e sombrio
Porque Selene me conquistou!

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