Na faca da tua boca eu me morro e me deleito
Como andorinha na vidraça da igreja a lançar-se.
Essa faca aceira, eu a quero em meu peito
A trazer de minhas entranhas os bofes da catarse!
Ah! boca da abelha vem me da' o seu escarro
Sangra em mim a sua noite, pois é dado
Que a ventura do poeta é coberta de piçarro,
E, então, vem da tua boca o beijo forte, apoucado...
Distanciado estou do seu gume, no horizonte
Onde enerva a insonte frágua da saudade!
Vem por isso anavalhar-me esse corpo de acridade
Na verdura dos meus dias, à beira a bela fonte!
Ah, boca fina de dois gumes, de distância e de saudade
Sangra em mim a tua noite, vem amainar esta ansiedade!
Sou verso penumbrado, errante em monte escarpado
Que busca boca de dois gumes a matar sua veleidade...
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário